A regra é clara: dinheiro público, vindo dos cofres do
Estado, só vai servir para pagar cachê, neste período junino, a grupos e
artistas nascidos em Pernambuco ou que vivam aqui há, pelo menos, seis meses. É
o que diz a Convocatória Estadual Conjunta da Secretaria de Cultura/Fundarpe –
Secretaria de Turismo/Empetur. As atrações serão selecionadas, a partir de
edital, por uma comissão formada por cinco pessoas: três integrantes do
governo, dois da sociedade civil (que ainda serão escolhidos). “Temos muitas
razões para isso”, explica Marcelino Granja, secretário estadual de Cultura.
“Nenhuma é xenofóbica ou bairrista”, garante. “A gente não
vai cometer nenhum tipo de discriminação”, reforça Felipe Carreras, secretário
de Turismo de Pernambuco.
Aquela que vem levando a culpa por quase tudo em tempos
atuais, também aqui é apontada como justificativa para a decisão estadual: a
crise financeira. O titular da Cultura afirma que, grosso modo, a contratação
de artistas de outros Estados é mais cara. “Menos recursos, mais criatividade.
A forma mais eficaz de o Estado ajudar é distribuindo a verba com o maior
número de artistas.” “É uma forma de, no momento de corte, dar um remédio para
que os artistas locais não sejam prejudicados”, confirma Carreras.
A redução de que falam ambos é calculada em R$ 4 milhões.
Ano passado, o Governo de Pernambuco gastou com o Ciclo Junino R$ 12 milhões;
neste ano, serão R$ 8 milhões. Mas a restrição à contratação dos não nascidos
ou não moradores de Pernambuco tem exceções:
Arcoverde e Caruaru, cidades onde o período junino tem
ainda mais vigor, receberão dinheiro estadual através de convênios, escapando,
assim, da convocatória – e da exclusão dos “estrangeiros”. São 2,5 milhões para
Caruaru e R$ 800 mil para Arcoverde.
Marcelino Granja explica ainda que, apesar de o corte de
despesas ter determinado a adoção que critérios de escolha para o apoio
estadual, também foi avaliado o fato de que, em grande parte dos casos, são as
prefeituras – e não o Estado – que regem as festas juninas de cada cidade. Ele
lembra que isso também acontece no período carnavalesco: “A Prefeitura do
Recife define o Carnaval do Recife; a Prefeitura de Olinda define o Carnaval de
Olinda”.
Artistas e grupos que quiserem se submeter à seleção
precisam se inscrever até o dia 25. A divulgação das propostas vencedoras
acontece em 9 de junho. Há, na convocatória, uma clara opção pelos brincantes
da cultura popular, assim listados no documento: grupo de bacamarteiros, banda
de pífanos, bumba meu boi, cavalo marinho, ciranda, coco, danças populares,
embolada, forró, mamulengo, mazurca, quadrilha junina (de bonecos gigantes ou
de perna de pau), reisado, repente, São Gonçalo, viola e xaxado.
Questionado se essa seria uma forma de se evitar que o
dinheiro público apoiasse aqueles que se dedicam à chamada “fuleiragem music”
(ou “forró de plástico”), Felipe Carreras rebate: “Não haverá exclusão. Mas é
óbvio que a comissão vai olhar com mais atenção os que se dedicam ao forró
autêntico”.
Apesar de divulgados por quatro instituições estaduais
(duas secretarias mais Fundarpe e Empetur), alguns dos critérios de seleção
ainda precisarão ser melhor definidos. A paraibana Elba Ramalho, por exemplo,
apesar de ter títulos de Cidadã de Pernambuco e do Recife (e passar parte de
seu tempo na cidade), pode ou não ser selecionada? “Acho que há vários artistas
com título de cidadania. Teremos que analisar”, pondera Marcelino Granja. “São
títulos concedidos pelo poder legislativo”, afirma Felipe Carreras. “Elba está
dentro”, garante.
Do Macaparana Hoje
Foto internet
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