Se
o Nordeste é reconhecido hoje pela grande capacidade de produção de energia
para as fontes eólica e solar, a região deve se destacar nos próximos dez anos
pelos investimentos em termelétricas a gás natural. E Pernambuco será peça
chave nesse processo. A recomendação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) é
que o Estado receba uma nova planta que ajudará o Nordeste a alcançar 2.469 MW
de gás natural até 2027, o equivalente a R$ 5,9 bilhões em investimentos. Para
a entidade – que está subordinada ao Ministério de Minas e Energia –, o
investimento irá complementar as fontes renováveis e ajudará a tornar o
Nordeste autossuficiente em energia.
Essa
conclusão é apontada pelo Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), realizado
pela EPE, foi antecipada ontem, quando o presidente da instituição, Reive
Barros, palestrou no Recife a convite da Secretaria de Desenvolvimento
Econômico de Pernambuco. O relatório completo, que traça diretrizes até 2027,
será publicado em dezembro.
No
Nordeste, Bahia e Ceará já contam com plantas em funcionamento a base de gás
natural. Pernambuco aparece entre os investimentos futuros, juntamente apenas
com o Rio Grande do Sul. “As fontes eólica e solar são muito importantes, mas
elas não são constantes. A primeira oscila de acordo com o vento e a segunda de
acordo com a hora do dia. Diante de uma crise hídrica, a nossa alternativa para
manter a constância é a fonte térmica. Mas, com o gás natural, ela é mais
barata e menos poluente do que temos no Nordeste hoje”, destacou Reive Barros.
A
redução da capacidade das grandes hidrelétricas é uma realidade e grande
preocupação para o setor. A evolução da matriz brasileira entre 2017 e 2027 que
será apresentada pela EPE mostra a redução da participação da fonte hídrica de
67% para 54%. Mesmo com crescimentos expressivos, fontes intermitentes e limpas
como a eólica e solar não apresentam um crescimento que ocupe o vácuo deixado
pelas hidrelétricas (veja na arte ao lado). Para o Nordeste, pela natureza do
clima da região, a capacidade de armazenamento é ainda mais grave. “Com isso,
se as térmicas que mantém a constância do sistema continuarem concentradas no
Sudeste, vamos ter mais custo com transmissão, que também traz menos segurança
ao sistema”, destacou Barros.
A
expectativa do setor é que a nova térmica pernambucana seja incluída em um
leilão realizado no início do próximo ano. Já há projetos prontos realizados
por empresas estrangeiras para a instalação de uma planta a gás, que
provavelmente será instalada no Complexo de Suape, no Grande Recife. No local
já funciona a Termopernambuco, pertencente ao Grupo Neoenergia (controlador da
Celpe), que utiliza gás natural e vapor, com capacidade de gerar 532 MW médios.
INVESTIMENTOS
O
Plano Decenal da EPE prevê que o setor elétrico receba R$ 393 bilhões em
investimentos ao longo da década. De acordo com a prévia do programa, serão R$
226 bilhões vindos de projetos de geração centralizada, R$ 60 bilhões na
geração distribuída e mais R$ 108 bilhões no segmento de transmissão.
Foto:
Renato Spencer/ Acerco JC Imagem
Por
LUIZA FREITAS
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